Antonio Vicente Golfeto |
A Alta Mogiana pode ser uma das regiões
mais beneficiadas por uma tendência verificada nos últimos anos: a economia
paulista está se voltando para o Interior. O Nordeste Paulista é uma das que
mais se desenvolve com esta migração de recursos e investimentos. Esta é a
constatação do economista Antonio Vicente Golfeto, um dos mais conceituados da
região, diretor do Instituto de Economia Maurílio Biagi, que será palestrante
no Fórum de Desenvolvimento Econômico e Social da Alta Mogiana em São Joaquim
da Barra.
Cruzando
dados e informações sobre economia, sociedade, geografia, Golfeto aponta que
pequenas cidades pode criar um “clima favorável para negócios” e identificar
sua vocação econômica. Nesta entrevista, ele defende que os municípios inovem e
utilizem seu potencial para atrair investimentos, como segurança e mão-de-obra
qualificada. “É que
comércio é ponto, indústria é custo e serviço é atendimento. Para atender bem,
é preciso ter uma paixão ardente pelo cliente”, compara.
Golfeto considera
favorável a realização do Fórum. “Toda região que forma sua massa crítica
começa no caminho certo do desenvolvimento”, atesta. O Fórum de Desenvolvimento
Econômico e Social da Alta Mogiana é uma realização da Fremaprev (Frente
Parlamentar Mista de Defesa do Desenvolvimento Econômico e Valorização do Trabalho),
Associações Comerciais, Empresariais e Industriais, com apoio da Faculdade de
Orlândia – FAO – e do jornal A Voz. A reunião do Fórum será dia 29 de setembro,
às 19h30, no Salão de Eventos Elmaz Badran Chaul (Rua Armando Colombini, 33,
Jardim Santa Lúcia), e os convite podem ser retirados na ACI de São Joaquim da
Barra ou no jornal A Voz. A seguir, a íntegra da entrevista com Antonio
Vicente Golfeto.
Pergunta – Como o sr. analisa a
economia da Região da Alta Mogiana?
Antonio Vicente Golfeto – O centro de gravidade da economia paulista
está, gradativamente, deslocando-se da capital para o Interior. Mas não de
maneira homogênea. Quatro regiões estão se desenvolvendo mais. São elas: o Vale
do Paraíba, a região de Sorocaba, a região de Campinas e o Nordeste Paulista.
Esta é nossa região, composta de 85 municípios. Orlândia é o centro de uma das
microrregiões do Nordeste Paulista.
Pergunta – Reportagem da “Folha de S.
Paulo” na semana passada mostrou uma migração de negócios e investimentos de
grandes centros para cidades menores – uma “nota de corte” que coloca cidades
com 200 mil habitantes como foco de empresas que antes miravam em grandes
grupamentos, superiores a 500 mil. Esses dados mostrariam uma tendência?
Golfeto – Sim. É visível. E o desenvolvimento, quando maior, é denunciado pela
expansão demográfica. As pessoas migram principalmente atrás de oportunidades,
tanto de empregos como de condições de iniciar o próprio negócio.
Pergunta – O investimento, hoje, está
migrando para o Interior? O que busca o investimento?
Golfeto – Sim. Todo investimento é uma aposta no futuro e uma esperança de
retorno. À confiança sucede a rentabilidade.
Pergunta – Cidades como Orlândia, São
Joaquim da Barra, Nuporanga, Sales Oliveira e Morro Agudo, têm condições de
atrair investimentos? O que elas poderiam fazer para chegar na frente e atrair
investimentos?
Golfeto – Têm, mas precisam criar um clima de negócios a
fim de que os empreendedores da própria região enfrentem as dificuldades e
rompam os empecilhos à expansão. Só é grande – quando se fala em empresas – o
pequeno que deu certo.
Pergunta – Os municípios deveriam
investir em legislação voltada para a atração e a manutenção de investimentos,
como instituir isenção fiscal, doar terrenos em comodato, entre outras
práticas?
Golfeto – Acredito que, em primeiro lugar, é preciso
criar-se um clima favorável aos negócios. Depois, identificar a vocação da
região. Hoje, por causa da liquidez, produzir commodities pode ser uma
alternativa de enriquecimento – pessoal e/ou regional – mais segura do que
agregar valor, industrializando o produto. Este se dá mais renda, tem liquidez
muito menor. A liquidez de uma aplicação financeira – dependendo do caso – pode
ser um atrativo maior do que a rentabilidade de um imóvel.
Pergunta – Os municípios, por meio das
prefeituras, deveriam incentivar micro e pequenos empreendedores? Qual a melhor
forma de fazer isso?
Golfeto – Os investimentos correm atrás da infra-estrutura. Como acontece numa
cidade, onde os bairros são construídos atraindo-se os investidores pela
existência de boas condições de transporte, de saneamento básico, de educação
ofertada etc.
Pergunta – Como os municípios podem
ser inovadores na busca pelo crescimento e desenvolvimento econômico?
Golfeto – Crescer é produzir mais do mesmo. Desenvolver é inovar. Inovação é a
invenção que o mercado aceita. É por isto que mercado é o local em que
neurônios são transformados em riqueza. No mercado, não basta ser diferente – é
essencial ser diferente.
Pergunta – O Fórum busca fomentar o
debate de propostas voltadas ao desenvolvimento econômico e social. Como o sr.
vê essa iniciativa?
Golfeto – De maneira bem favorável. Toda região que forma
sua massa crítica começa no caminho certo do desenvolvimento. O que uma cidade,
com menos população, pode oferecer o que as maiores não podem? Por exemplo:
segurança. Segurança é gênero de primeira necessidade. É a primeira condição
para se ter boa qualidade de vida. Outro exemplo: ter mão-de-obra qualificada
(não apenas titulada) e não cara. É que comércio é ponto, indústria é custo e serviço
é atendimento. Para atender bem – como trataremos durante nossa exposição no
Fórum –, é preciso ter uma paixão ardente pelo cliente.
Pergunta – Já se disse que o dinheiro
busca neurônios, e não músculos. Qual o papel das universidades e das escolas
técnicas no fomento ao desenvolvimento econômico?
Golfeto – Aluno não é cliente, aluno é o produto. Que o
mercado aceita ou não. O que tenho notado é que escola titula, mas nem sempre
qualifica o formado. Que fica com formatura, mas nem sempre tem formação. Ele
tem que ser o profissional que faz a diferença e que representa o que o
empresário quer. Não adianta fazer o que o MEC quer. Tem que ser o produto que
o mercado quer.
Serviço
Fórum de
Desenvolvimento Econômico e Social da Alta Mogiana
Data: Dia 29 de setembro,
às 19h30
Local: Salão de Eventos
Elmaz Badran Chaul – Rua Armando Colombini, 33 – Jardim Santa Lúcia – São
Joaquim da Barra
Entrada Franca – Convites limitados
podem ser reservados no Jornal A Voz (3818-0302) ou na Associação Comercial e
Empresarial de São Joaquim da Barra (3818-1256)
Internet: http://forumaltamogiana.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário