sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Fórum propõe novas discussões sobre o crescimento econômico da Alta Mogiana

Durante o Fórum de Desenvolvimento Econômico e Social da Alta Mogiana, o ex-prefeito de Orlândia, Steven Eriksen Binnie, Estevão, enfatizou que Orlândia está entre as cidades mais industrializadas da região. “É esta característica que cria uma grande classe média que poucas cidades têm”. 

Segundo ele, a busca pelo desenvolvimento passa, necessariamente, pelo empenho das forças políticas e sociais da própria região e da cidade. “Desconheço uma grande empresa da região que tenha vindo de fora; todas foram criadas por famílias empreendedoras daqui mesmo”, afirmou. Para ele, não se pode pensar em atrair investimentos, quando, na verdade, o que se deve é incentivar o empreendedorismo local, com a busca de novas oportunidades de negócios.


“Não existe outro caminho para o Brasil senão investir na educação de seu povo”, diz Estevão. “Estou cansado de ver políticos dizerem que a educação é prioridade sem que isso aconteça de fato”. Mas alertou que as empresas não podem depender do Estado para se manterem no mercado, ou mesmo expandirem seus negócios. 

“Não podemos depender de uma elite protegida por um Estado para desenvolver sua economia”, disse. “É preciso ter competência para competir em nível internacional e produzir aquilo que tem mercado”, disse. Segundo ele, a educação vai gerar uma nova elite “por merecimento, e não herança”.

Estevão chamou a atenção para o que considera um “mito”. “Dizem que os empresários locais impedem a entrada de novas empresas para que não haja disputa por mão-de-obra e consequente majoração de salários. Isso é absurdo”.
Estevão, Cheade, Cornelian e Fiusa no debate do Fórum 

Ação do Poder Público

O desenvolvimento econômico e social passa pelo Poder Público – prefeitos, vereadores, deputados estaduais e federais. “Todo desenvolvimento precisa de regras e leis, que são feitas por esses políticos, dos quais temos de cobrar para alcançar nossos objetivos”, afirmou vice-presidente da Facesp (Federação das Associações Comercias e Empresariais de São Paulo), João Carlos Cheade.


A qualificação da mão-de-obra para o setor da construção civil, segundo Cheade, é uma das formas para aumentar o nível de emprego – ao menos da população egressa da atividade rural, hoje reduzida, principalmente, pela mecanização das lavouras. 

O empresário acredita, porém, que qualquer iniciativa precisa de parceria com o Poder Público Municipal. A detecção da vocação econômica da Alta Mogiana e a qualificação dos micro-empreendedores são apontadas como opções de crescimento. “Mas é preciso que haja apoio e parceria com a Prefeitura”, cobrou.
Estevão durante sua explanação sobre desenvolvimento
Planejamento e resultados
Especialista em desenvolvimento com passagens por organizações como BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e OEA (Organização dos Estados Americanos), o engenheiro Sanderley Fiusa apresentou uma série de projetos de planejamento estratégico que resultaram no crescimento econômico de cidades como Montevidéu (Uruguai), São Paulo (revitalização do Centro), Guarulhos, Piracicaba e Manaus (Amazonas).

Segundo ele, existe uma metodologia a ser seguida para planejar e estruturar o desenvolvimento, que envolvem pesquisa de mercado e geoprocessamento, que resultam no que classifica como “lógica urbana”. “A cidade é um agente ativo na definição do ciclo mercadológico urbano. A lógica urbana traduz a relação de uso da cidade diante dos anseios e comportamentos da demanda”, explica.

Fiusa defende a criação de distritos industriais amplos, pois verifica-se que empresas têm demandas por grandes áreas. “Conheço empresas que buscam grandes lotes para suas plantas fabris”, afirmou. Outra questão é a implantação de uma legislação que privilegie o investimento na cidade, ampliando os incentivos ao capital produtivo. “Negócios ligados à tecnologia da informação e ao Pré-Sal estão em alta no mercado. A Petrobrás, por exemplo, não cresce mais por falta de pessoal e fornecedores”, afirma.

Cana-de-açúcar
O jornalista Chéster Martins, diretor da Orlândia Rádio Clube – ORC – criticou proprietários de terras pelas extensas áreas plantadas com cana-de-açúcar. “A cana é boa para Sertãozinho, Morro Agudo e Buritizal, por exemplo, pois são cidades que possuem usinas de açúcar e álcool. Orlândia é uma ilha cercada por canaviais por todos os lados, mas não é beneficiada”, disse. “A cidade vai mal, não cresce”, enfatizou.

A ampliação do Distrito Industrial é uma das propostas do jornalista para atrair investimentos, além de destinar maiores incentivos mediante leis específicas. “Uma grande área para implantação de empresas, com 200 hectares, por exemplo, não custaria muito para a Prefeitura, que poderia pagar em alguns anos”, disse Martins. Ele também acredita que uma ampla campanha de marketing, mostrando as vantagens de investimento em Orlândia, poderia ter resultado.

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