Durante o Fórum de Desenvolvimento Econômico e Social da Alta
Mogiana, o
ex-prefeito de Orlândia, Steven Eriksen Binnie, Estevão, enfatizou que Orlândia
está entre as cidades mais industrializadas da região. “É esta característica
que cria uma grande classe média que poucas cidades têm”.
Segundo ele, a busca
pelo desenvolvimento passa, necessariamente, pelo empenho das forças políticas
e sociais da própria região e da cidade. “Desconheço uma grande empresa da
região que tenha vindo de fora; todas foram criadas por famílias empreendedoras
daqui mesmo”, afirmou. Para ele, não se pode pensar em atrair investimentos,
quando, na verdade, o que se deve é incentivar o empreendedorismo local, com a
busca de novas oportunidades de negócios.
“Não existe outro caminho para o
Brasil senão investir na educação de seu povo”, diz Estevão. “Estou cansado de
ver políticos dizerem que a educação é prioridade sem que isso aconteça de fato”.
Mas alertou que as empresas não podem depender do Estado para se manterem no
mercado, ou mesmo expandirem seus negócios.
“Não podemos depender de uma elite
protegida por um Estado para desenvolver sua economia”, disse. “É preciso ter
competência para competir em nível internacional e produzir aquilo que tem
mercado”, disse. Segundo ele, a educação vai gerar uma nova elite “por
merecimento, e não herança”.
Estevão chamou a atenção para o que
considera um “mito”. “Dizem que os empresários locais impedem a entrada de
novas empresas para que não haja disputa por mão-de-obra e consequente
majoração de salários. Isso é absurdo”.
Estevão, Cheade, Cornelian e Fiusa no debate do Fórum |
Ação do Poder Público
O desenvolvimento econômico e social
passa pelo Poder Público – prefeitos, vereadores, deputados estaduais e
federais. “Todo desenvolvimento precisa de regras e leis, que são feitas por
esses políticos, dos quais temos de cobrar para alcançar nossos objetivos”,
afirmou vice-presidente da Facesp (Federação das Associações Comercias e
Empresariais de São Paulo), João Carlos Cheade.
A qualificação da mão-de-obra para o setor
da construção civil, segundo Cheade, é uma das formas para aumentar o nível de
emprego – ao menos da população egressa da atividade rural, hoje reduzida,
principalmente, pela mecanização das lavouras.
O empresário acredita, porém,
que qualquer iniciativa precisa de parceria com o Poder Público Municipal. A
detecção da vocação econômica da Alta Mogiana e a qualificação dos micro-empreendedores
são apontadas como opções de crescimento. “Mas é preciso que haja apoio e
parceria com a Prefeitura”, cobrou.
Estevão durante sua explanação sobre desenvolvimento |
Especialista em desenvolvimento com
passagens por organizações como BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e
OEA (Organização dos Estados Americanos), o engenheiro Sanderley Fiusa apresentou
uma série de projetos de planejamento estratégico que resultaram no crescimento
econômico de cidades como Montevidéu (Uruguai), São Paulo (revitalização do
Centro), Guarulhos, Piracicaba e Manaus (Amazonas).
Segundo ele, existe uma metodologia a
ser seguida para planejar e estruturar o desenvolvimento, que envolvem pesquisa
de mercado e geoprocessamento, que resultam no que classifica como “lógica
urbana”. “A cidade é um agente ativo na definição do ciclo mercadológico
urbano. A lógica urbana traduz a relação de uso da cidade diante dos anseios e
comportamentos da demanda”, explica.
Fiusa defende a criação de distritos
industriais amplos, pois verifica-se que empresas têm demandas por grandes
áreas. “Conheço empresas que buscam grandes lotes para suas plantas fabris”,
afirmou. Outra questão é a implantação de uma legislação que privilegie o
investimento na cidade, ampliando os incentivos ao capital produtivo. “Negócios
ligados à tecnologia da informação e ao Pré-Sal estão em alta no mercado. A
Petrobrás, por exemplo, não cresce mais por falta de pessoal e fornecedores”,
afirma.
Cana-de-açúcar
O jornalista Chéster Martins, diretor
da Orlândia Rádio Clube – ORC – criticou proprietários de terras pelas extensas
áreas plantadas com cana-de-açúcar. “A cana é boa para Sertãozinho, Morro Agudo
e Buritizal, por exemplo, pois são cidades que possuem usinas de açúcar e
álcool. Orlândia é uma ilha cercada por canaviais por todos os lados, mas não é
beneficiada”, disse. “A cidade vai mal, não cresce”, enfatizou.
A ampliação do Distrito Industrial é
uma das propostas do jornalista para atrair investimentos, além de destinar maiores
incentivos mediante leis específicas. “Uma grande área para implantação de
empresas, com 200 hectares, por exemplo, não custaria muito para a Prefeitura,
que poderia pagar em alguns anos”, disse Martins. Ele também acredita que uma
ampla campanha de marketing, mostrando as vantagens de investimento em
Orlândia, poderia ter resultado.
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