Flávia Gomes faz abertura do Fórum de Desenvolvimento |
O
economista Antonio Vicente Golfeto aponta o empreendedorismo como chave para o
desenvolvimento. A afirmação foi feita durante o Fórum de Desenvolvimento
Econômico e Social da Alta Mogiana, realizado dia 29 em São Joaquim da Barra.
Promovido pela Fremaprev
(Frente Parlamentar Mista
de Defesa de Desenvolvimento Econômico e Valorização do Trabalho) e Associações
Comercias, Industriais e Empresarias, o Fórum tem apoio da Faculdade de
Orlândia – FAO – e do jornal A Voz.
Golfeto apresentou uma série de dados econômicos
sobre a região. Morro Agudo é cidade mais promissora, ao menos em princípio. “É
preciso ver analisar com mais atenção especial”, alertou. Sede de duas das mais
importantes usinas de açúcar e álcool da região, a cidade tem mostrado
crescimento em todos os quesitos pesquisados.
Orlândia é o município que apresenta a maior
concentração de dinheiro (depósitos à vista, a prazo e poupança), mas tem
perdido no repasse de verbas dos governos federal e estadual. Numa série
histórica, entre 1982 e 2010, o Índice de Participação dos Municípios no ICMS
caiu 28,7%, enquanto Nupuranga teve crescimento de 143,4%. Mesmo entre 2009 e
2010, a queda foi de 7%. Orlândia é o único município que registrou decréscimo
nos índices.
Fórum reuniu cerca de 200 pessoas em São Joaquim da Barra |
“Orlândia está estrangulada e precisa de atenção”,
alertou Golfeto. Segundo ele, o município estava entre os que mais cresciam no
Estado na década de 1980. “É preciso analisar do ponto de vista histórico. A
quebra da Comove foi muito sentida”, disse. A Comove foi uma das maiores
esmagadoras de soja e produtoras de óleos vegetais do país, que pediu
concordata em 1990, não se recuperou. A empresa, hoje, pertence ao grupo Sina.
A
região, afirma o economista, precisa inovar para atrair investimentos e também
para promover seu capital interno como empreendedor. Investimento externo é
importante, pois apenas duas cidades da região devem seu desenvolvimento
econômico basicamente ao empreendedores locais: Sertãozinho e Monte Alto. “O
gatilho desenvolvimentista de Sertãozinho foi o desemprego”, afirma.
Golfeto
diversos ex-empregados investiam o dinheiro das indenizações em novas empresas
e, rapidamente, até superavam os antigos patrões. Segundo o economista, o
mercado precisa reconhecer os bons profissionais e as boas empresas. “Hoje em
dia, conseguir dinheiro para financiamento é fácil. Mas uma boa ideia, um bom
projeto, é difícil”.
Ele
cita a empresária Luiza Helena Trajano, presidente do Magazine Luiza, como a
maior empreendedora da região – e uma das maiores do país. “Ela tem algo
importante no mundo dos negócios: intuição”, disse. Mas não fica nisso, claro.
A contratação de uma equipe de assessoria em diversas áreas é fundamental para
o crescimento de qualquer negócio. “O empresário precisa reconhece que, a
partir de certo ponto, não consegue mais sozinho. Se persistir, pode quebrar”,
ensina.
Golfeto
lembrou que os investimentos produtivos não precisa de ponto – princípio
básico, por exemplo, para um comércio. “A logística é importante para quem vai
produzir e tem de escoar essa produção, bem como terra, segurança”, enumerou.
Prefeita Maria Helena e Flávia Gomes |
Números da região
Maior
cidade da região em número de habitantes – 49 mil –, São Joaquim da Barra
apresentou crescimento mais expressivo no repasse de recursos provenientes do
ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias), com variação de 36,9% entre 2009
e 2011 (janeiro a agosto).
Até
o mês passado, o município havia recebido R$ 13,9 milhões desses recursos
estaduais. Nuporanga ficou em segundo lugar, com 35,8% - atingindo R$ 5,3
milhões no período. É o município com maior repasse per capita – R$ 783 por
habitante. O valor equivale a mais de 2,5 vezes o repassado a Orlândia, que
chega a R$ 297.
Com
25,9% de crescimento entre 2010 e 2011, Sales Oliveira acumula, em oitos meses,
R$ 3,5 milhões em repasses. Morro Agudo, com crescimento de 20,1%, o município
teve seus recursos ampliados de R$ 14,1 milhões para R$ 17 milhões em um ano.
Orlândia teve crescimento de 12,1%, com saldo até agosto de R$ 11,8 milhões.
São
Joaquim da Barra é dona da maior frota de veículos – 26.988, segundo dados do
Denatran referentes a junho deste ano. Em relação ao mesmo período do ano
passado, houve aumento de 5,9%. Morro Agudo foi que apresentou maior
crescimento – 11%, saltando de 11.159 para 12.320 no mesmo período.
O
crescimento da frota foi praticamente igual entre todas as outras cidades,
ficam em torno de 7%: Nuporanga saiu de 2.650 para 2.840 veículos – aumento de
7%; Orlândia tinha 24.182 veículos em 2010 e passou para 25.769 neste ano, com
crescimento de 6,5%, enquanto Sales Oliveira apresentou acréscimo de 7,5%, de
4.552 para 4.877 veículos.
Outro
número interessante é o dinheiro disponível nos bancos da região. Segundo o
Banco Central, em junho, as agências de Orlândia respondiam por mais da metade dos
recursos guardados na região: R$ 459,4
milhões, enquanto os outros municípios possuem, juntos, R$ 890,9 milhões. Os
recursos reúnem depósitos à vista privados e do governo, poupança e depósitos a
prazo (aplicações financeiras).
São
Joaquim da Barra fica em segundo lugar no ranking, com R$ 248,5 milhões. Os 85
municípios da região de Ribeirão Preto possuem, em suas agências, R$ 21
bilhões. Neste ponto, Orlândia ganha de todas as cidades, com crescimento de
20,4% no período de um ano, enquanto o Estado registrou aumento de 8,1%.
Flávia e o vice-prefeito Marcelo Mian |
“Soluções integradas”
A
coordenadora regional da Fremaprev e vice-prefeita de Orlândia, Flávia Gomes,
se diz satisfeita com os rumos do Fórum de Desenvolvimento. “Queremos estimular
as pessoas a reverem seus conceitos e buscarem novas formas de mudar a
realidade que, mostram os números, são bem diferentes para cada cidade”,
afirma. Apesar disso, o debate regional sobre problemas comuns e soluções
integradas pode fazer a diferença para a população.
O
diretor da Faculdade de Orlândia, Ericson Dias Mello, considera o Fórum de
grande importância para a região. “A grande questão colocada é como podemos
fazer o desenvolvimento econômico e social de toda a região de forma integrada”,
afirma. Ele anunciou o
próximo Fórum para o dia 27 de outubro, em Morro Agudo.
“Temos
que parabenizar essa iniciativa por ser uma oportunidade de discutir os
problemas sociais e econômicos que temos na nossa região”, disse o
superintendente administrativo da Santa Casa de São Joaquim, João Alberto
Destro.
“Fico
feliz que esteja acontecendo em nosso município esta discussão em torno do
desenvolvimento econômico e social”, disse a prefeita de São Joaquim da Barra,
Maria Helena Borges Vannuchi. Ela considera sua cidade “muito promissora e com
muitas oportunidades”, mas vê necessidade de pessoas dispostas a investir. “É
muito importante a troca de experiências e a discussão em torno dos desafios e
soluções”, afirma.
O
diretor do jornal A Voz, Josué de Carlos, acredita que o Fórum é uma
oportunidade única para a região pensar à frente. “O que podemos pôr em prática
hoje para sermos grandes no futuro?”, indaga. Ele relaciona a região com a
imprensa, que precisou reinventar-se ante as mudanças surgidas nos últimos
anos, como a internet. “Precisamos renovar nosso pensamento e inovar nas ações
para fazer frente à disputa acirrada por recursos que garantam o
desenvolvimento da Alta Mogiana.”
Participaram
do Fórum o vice-prefeito de São Joaquim da Barra, Marcelo Mian, o vereador
Pedro Nardelli, a vereadora Maria Aparecida Seabra de Souza, o vereador de
Orlândia, Edson Rodrigues Vieira, o vereador de Morro Agudo, Flávio Bueno de Camargo, além de empresários, comerciantes e estudantes dos
cursos de Administração e Secretariado da ETEC Pedro Badran.
Público atento à palestra do economista Golfeto |
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