sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Economista defende visão inovadora de municípios para buscar desenvolvimento


Antonio Vicente Golfeto

A Alta Mogiana pode ser uma das regiões mais beneficiadas por uma tendência verificada nos últimos anos: a economia paulista está se voltando para o Interior. O Nordeste Paulista é uma das que mais se desenvolve com esta migração de recursos e investimentos. Esta é a constatação do economista Antonio Vicente Golfeto, um dos mais conceituados da região, diretor do Instituto de Economia Maurílio Biagi, que será palestrante no Fórum de Desenvolvimento Econômico e Social da Alta Mogiana em São Joaquim da Barra.

Cruzando dados e informações sobre economia, sociedade, geografia, Golfeto aponta que pequenas cidades pode criar um “clima favorável para negócios” e identificar sua vocação econômica. Nesta entrevista, ele defende que os municípios inovem e utilizem seu potencial para atrair investimentos, como segurança e mão-de-obra qualificada. “É que comércio é ponto, indústria é custo e serviço é atendimento. Para atender bem, é preciso ter uma paixão ardente pelo cliente”, compara.

Golfeto considera favorável a realização do Fórum. “Toda região que forma sua massa crítica começa no caminho certo do desenvolvimento”, atesta. O Fórum de Desenvolvimento Econômico e Social da Alta Mogiana é uma realização da Fremaprev (Frente Parlamentar Mista de Defesa do Desenvolvimento Econômico e Valorização do Trabalho), Associações Comerciais, Empresariais e Industriais, com apoio da Faculdade de Orlândia – FAO – e do jornal A Voz. A reunião do Fórum será dia 29 de setembro, às 19h30, no Salão de Eventos Elmaz Badran Chaul (Rua Armando Colombini, 33, Jardim Santa Lúcia), e os convite podem ser retirados na ACI de São Joaquim da Barra ou no jornal A Voz. A seguir, a íntegra da entrevista com Antonio Vicente Golfeto.

Pergunta – Como o sr. analisa a economia da Região da Alta Mogiana?
Antonio Vicente Golfeto O centro de gravidade da economia paulista está, gradativamente, deslocando-se da capital para o Interior. Mas não de maneira homogênea. Quatro regiões estão se desenvolvendo mais. São elas: o Vale do Paraíba, a região de Sorocaba, a região de Campinas e o Nordeste Paulista. Esta é nossa região, composta de 85 municípios. Orlândia é o centro de uma das microrregiões do Nordeste Paulista.

Pergunta – Reportagem da “Folha de S. Paulo” na semana passada mostrou uma migração de negócios e investimentos de grandes centros para cidades menores – uma “nota de corte” que coloca cidades com 200 mil habitantes como foco de empresas que antes miravam em grandes grupamentos, superiores a 500 mil. Esses dados mostrariam uma tendência?
Golfeto Sim. É visível. E o desenvolvimento, quando maior, é denunciado pela expansão demográfica. As pessoas migram principalmente atrás de oportunidades, tanto de empregos como de condições de iniciar o próprio negócio.

Pergunta – O investimento, hoje, está migrando para o Interior? O que busca o investimento?
Golfeto Sim. Todo investimento é uma aposta no futuro e uma esperança de retorno. À confiança sucede a rentabilidade.

Pergunta – Cidades como Orlândia, São Joaquim da Barra, Nuporanga, Sales Oliveira e Morro Agudo, têm condições de atrair investimentos? O que elas poderiam fazer para chegar na frente e atrair investimentos?
Golfeto Têm, mas precisam criar um clima de negócios a fim de que os empreendedores da própria região enfrentem as dificuldades e rompam os empecilhos à expansão. Só é grande – quando se fala em empresas – o pequeno que deu certo.

Pergunta – Os municípios deveriam investir em legislação voltada para a atração e a manutenção de investimentos, como instituir isenção fiscal, doar terrenos em comodato, entre outras práticas?
Golfeto Acredito que, em primeiro lugar, é preciso criar-se um clima favorável aos negócios. Depois, identificar a vocação da região. Hoje, por causa da liquidez, produzir commodities pode ser uma alternativa de enriquecimento – pessoal e/ou regional – mais segura do que agregar valor, industrializando o produto. Este se dá mais renda, tem liquidez muito menor. A liquidez de uma aplicação financeira – dependendo do caso – pode ser um atrativo maior do que a rentabilidade de um imóvel.

Pergunta – Os municípios, por meio das prefeituras, deveriam incentivar micro e pequenos empreendedores? Qual a melhor forma de fazer isso?
Golfeto Os investimentos correm atrás da infra-estrutura. Como acontece numa cidade, onde os bairros são construídos atraindo-se os investidores pela existência de boas condições de transporte, de saneamento básico, de educação ofertada etc.

Pergunta – Como os municípios podem ser inovadores na busca pelo crescimento e desenvolvimento econômico?
Golfeto Crescer é produzir mais do mesmo. Desenvolver é inovar. Inovação é a invenção que o mercado aceita. É por isto que mercado é o local em que neurônios são transformados em riqueza. No mercado, não basta ser diferente – é essencial ser diferente.

Pergunta – O Fórum busca fomentar o debate de propostas voltadas ao desenvolvimento econômico e social. Como o sr. vê essa iniciativa?
Golfeto De maneira bem favorável. Toda região que forma sua massa crítica começa no caminho certo do desenvolvimento. O que uma cidade, com menos população, pode oferecer o que as maiores não podem? Por exemplo: segurança. Segurança é gênero de primeira necessidade. É a primeira condição para se ter boa qualidade de vida. Outro exemplo: ter mão-de-obra qualificada (não apenas titulada) e não cara. É que comércio é ponto, indústria é custo e serviço é atendimento. Para atender bem – como trataremos durante nossa exposição no Fórum –, é preciso ter uma paixão ardente pelo cliente.

Pergunta – Já se disse que o dinheiro busca neurônios, e não músculos. Qual o papel das universidades e das escolas técnicas no fomento ao desenvolvimento econômico?
Golfeto Aluno não é cliente, aluno é o produto. Que o mercado aceita ou não. O que tenho notado é que escola titula, mas nem sempre qualifica o formado. Que fica com formatura, mas nem sempre tem formação. Ele tem que ser o profissional que faz a diferença e que representa o que o empresário quer. Não adianta fazer o que o MEC quer. Tem que ser o produto que o mercado quer.

Serviço

Fórum de Desenvolvimento Econômico e Social da Alta Mogiana
Data: Dia 29 de setembro, às 19h30
Local: Salão de Eventos Elmaz Badran Chaul – Rua Armando Colombini, 33 – Jardim Santa Lúcia – São Joaquim da Barra
Entrada Franca – Convites limitados podem ser reservados no Jornal A Voz (3818-0302) ou na Associação Comercial e Empresarial de São Joaquim da Barra (3818-1256)

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