Do alto desta encosta em que cederam
a fibra dos meus olhos, o meu claro
silêncio vertebrado de palavras
sólidas e também a minha infância;
em que, sobre joelhos eucarísticos,
testemunhei o fluxo da mentira
enquanto o vinho azul me entorpecia
aos poucos com o medo de perdê-lo,
não me despeço. Parto. Vou embora.
Ao cesto de papel deixo a gravata
descolorida pelo sol de cal.
Porões ainda existe – e governam,
mas hoje estendem notas de dinheiro
em vez de músculos no pau-de-arara.
(Poema de Eugênio Bucci, publicado na Folha de S. Paulo em 21 de agosto de 2011)
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