Carlos Theodoro Marques, Murilo Guilherme, Flávia Gomes, Gilberto Barbeti e Luiz Eduardo Lacerda |
Os palestrantes
do Fórum de Desenvolvimento Econômico e Social acreditam que empresários,
políticos, educadores e a sociedade de modo geral devem ter novas atitudes
diante de desafios como falta de mão-de-obra qualificada, monocultura da
cana-de-açúcar e concentração da terra nas mãos de poucos proprietários. Realizado
pela Fremaprev (Frente Parlamentar Mista de Defesa de
Desenvolvimento Econômico e Valorização do Trabalho), o evento teve apoio da
Faculdade de Orlândia (FAO), Prefeitura Municipal de Morro Agudo e Associação
Comercial e Industrial de Morro Agudo (Acima).
“Estamos
vivendo um momento de transição na atividade econômica”, disse o professor
Mário Brunhara, assessor de Governo da Prefeitura de Morro Agudo. Maior
produtor de cana-de-açúcar do país (113 mil hectares plantados), o município
estaria deixando um ciclo de geração de riqueza e renda a partir do setor
sucroalcooleiro, que ainda tem o maior peso na economia. Essa mudança seria
gerada pela entrada da multinacional Louis Dreyfus Commodities (LDC) na
economia, após a compra das usinas Vale do Rosário e MB, formando a LDC-Sev.
“Se
antes essas empresas eram familiares, hoje têm dirigentes, não donos”, disse
Brunhara. Inegável seria a vocação eminentemente agrícola de Morro Agudo,
caracterizada por grandes propriedades rurais (das 684 fazendas, 68 têm mais de
500 hectares, ocupando 48% da área rural total). O potencial de consumo
representado pelas regiões de Ribeirão Preto, Franca, São José do Rio Preto e Triângulo
Mineiro seriam uma das riquezas “desprezadas”.
A
monocultura da cana-de-açúcar e a alta concentração de terras nas mãos de
grandes proprietários, porém, seriam pontos negativos a serem superados. “No
próximo ano, teremos todo o esgoto tratado, o que será importante como fator desenvolvimentista”,
anunciou. Para Brunhara, a criatividade é preponderante para alcançar o
desenvolvimento. “Temos grandes desafios pela frente, e somente uma mudança de
comportamento pode garantir o crescimento”, disse.
Luiz Eduardo (centro) fala na abertura do Fórum, com os palestrantes Adalberto Andrade, Dorival Polimeno, Mário Brunhara e Carlos Theodoro Marques |
“Novo pensamento”
O
consultor Adalberto Andrade, da Cash Consultores, defendeu uma nova postura da
sociedade diante de problemas e oportunidades existentes na região. Segundo
ele, a economia brasileira está em crescimento e há uma aliança regional em
curso (promovida pelo Fórum). “Ganha quem começar primeiro”, afirmou. Na sua
opinião, os jovens, de modo geral, não são ensinados a serem “empresários”. “A
maioria é incentivada a ter profissões com carteira assinada, a ter um emprego,
simplesmente”, disse.
É
preciso, entretanto, atenção a fatores que exigem cada vez mais dos futuros
empreendedores. “Atualmente, vemos uma redução no poder aquisitivo do
consumidor, que leva à queda generalizada nas vendas e ao endividamento da
população”, disse Andrade. Ele é um dos defensores, inclusive, de uma nova
metodologia para medição da inflação, que seria de 22% na região em 2010 (bem
acima dos 5,91% registrados pelo IPCA).
Um
novo pensamento é exigido dos agentes intrinsecamente ligados ao
desenvolvimento. O consultor acredita que as escolas precisam voltar-se e para
a preparação dos alunos como empreendedores e qualificá-los de acordo com as
necessidades locais. “Não adianta proporcionar educação técnica se não estiver
inserida na realidade da cidade”, adverte.
Às
prefeituras, cabe a criação de uma legislação favorável à geração de emprego,
além da criação e fortalecimento das secretarias de desenvolvimento. “As
secretarias devem ser mais agressivas, com poder de negociação e decisão, além
de uma legislação mais flexível”, exorta. Os empresários, por sua vez, devem
investir, principalmente, em criatividade e planejamento.
Apreensão do comércio
Ex-diretor
da Carol (Cooperativa dos Agricultores da Região de Orlândia), o engenheiro e
empresário Carlos Theodoro Marques afirma que a região, notadamente Morro Agudo,
precisa reduzir sua dependência da cana-de-açúcar. “Já mudou muito, mas o comerciante
ainda fica apreensivo com a aproximação do final da safra”. “Nossa vocação é
agrícola, mas essa dependência deve ser reduzida a partir da diversificação”,
disse.
Outro
entrave ao desenvolvimento econômico é a falta de tradição associativista ao
município. “As instituições têm o peso de suas lideranças, o que é insuficiente
para a mudança necessária. Cada um precisa dedicar seu tempo e seu conhecimento
para superarmos os desafios”. A falta de liderança, afirmou, foi responsável
pela transferência, anos atrás, da fabricante de máquinas agrícolas Penha para
Ribeirão Preto.
A
criação de novos negócios também foi apontada como fator importante para a
economia local, mas a falta de apoio institucional leva muitos a desaparecerem
tão rapidamente quanto surgem. “Aponta-se a falta de mão-de-obra qualificada,
mas chegamos a um círculo vicioso: não há qualificação por não haver emprego, e
não há emprego por que não temos mão-de-obra qualificada”, disse. Marques
acredita, porém, que somente o incremento de programas educacionais poderá contribuir
para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.
Investir em talentos
Consultor
de empreendedorismo, o palestrante Dorival Polimeno Sobrinho, diretoor da
2N1V
– Inteligência e Comunicação, acredita que os empresários têm papel fundamental
na qualificação da mão-de-obra. “È muito melhor a empresa investir no seu
colaborador e desenvolver os talentos internos”, disse.
“É
preciso definir um investimento necessário para sustentabilidade das empresas
locais, bem como para atração e retenção de talentos”, explica. Fatores que reduzem a
competitividade do Brasil, como a mão-de-obra desqualificada e o pequeno número
de empreendedores formados, precisam ser reavaliados. “A mudança no
comportamento do consumidor provocou uma mudança também na produção. Agora,
devemos modernizar a mão-de-obra com educação empreendedora”, disse.
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