sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Atitude empreendedora pode fazer diferença no desenvolvimento, apontam palestrantes


Carlos Theodoro Marques, Murilo Guilherme, Flávia Gomes, Gilberto Barbeti e Luiz Eduardo Lacerda

Os palestrantes do Fórum de Desenvolvimento Econômico e Social acreditam que empresários, políticos, educadores e a sociedade de modo geral devem ter novas atitudes diante de desafios como falta de mão-de-obra qualificada, monocultura da cana-de-açúcar e concentração da terra nas mãos de poucos proprietários. Realizado pela Fremaprev (Frente Parlamentar Mista de Defesa de Desenvolvimento Econômico e Valorização do Trabalho), o evento teve apoio da Faculdade de Orlândia (FAO), Prefeitura Municipal de Morro Agudo e Associação Comercial e Industrial de Morro Agudo (Acima).

“Estamos vivendo um momento de transição na atividade econômica”, disse o professor Mário Brunhara, assessor de Governo da Prefeitura de Morro Agudo. Maior produtor de cana-de-açúcar do país (113 mil hectares plantados), o município estaria deixando um ciclo de geração de riqueza e renda a partir do setor sucroalcooleiro, que ainda tem o maior peso na economia. Essa mudança seria gerada pela entrada da multinacional Louis Dreyfus Commodities (LDC) na economia, após a compra das usinas Vale do Rosário e MB, formando a LDC-Sev.

“Se antes essas empresas eram familiares, hoje têm dirigentes, não donos”, disse Brunhara. Inegável seria a vocação eminentemente agrícola de Morro Agudo, caracterizada por grandes propriedades rurais (das 684 fazendas, 68 têm mais de 500 hectares, ocupando 48% da área rural total). O potencial de consumo representado pelas regiões de Ribeirão Preto, Franca, São José do Rio Preto e Triângulo Mineiro seriam uma das riquezas “desprezadas”.

A monocultura da cana-de-açúcar e a alta concentração de terras nas mãos de grandes proprietários, porém, seriam pontos negativos a serem superados. “No próximo ano, teremos todo o esgoto tratado, o que será importante como fator desenvolvimentista”, anunciou. Para Brunhara, a criatividade é preponderante para alcançar o desenvolvimento. “Temos grandes desafios pela frente, e somente uma mudança de comportamento pode garantir o crescimento”, disse.
Luiz Eduardo (centro) fala na abertura do Fórum, com os palestrantes Adalberto Andrade, Dorival Polimeno, Mário Brunhara e Carlos Theodoro Marques
“Novo pensamento”
O consultor Adalberto Andrade, da Cash Consultores, defendeu uma nova postura da sociedade diante de problemas e oportunidades existentes na região. Segundo ele, a economia brasileira está em crescimento e há uma aliança regional em curso (promovida pelo Fórum). “Ganha quem começar primeiro”, afirmou. Na sua opinião, os jovens, de modo geral, não são ensinados a serem “empresários”. “A maioria é incentivada a ter profissões com carteira assinada, a ter um emprego, simplesmente”, disse.

É preciso, entretanto, atenção a fatores que exigem cada vez mais dos futuros empreendedores. “Atualmente, vemos uma redução no poder aquisitivo do consumidor, que leva à queda generalizada nas vendas e ao endividamento da população”, disse Andrade. Ele é um dos defensores, inclusive, de uma nova metodologia para medição da inflação, que seria de 22% na região em 2010 (bem acima dos 5,91% registrados pelo IPCA).

Um novo pensamento é exigido dos agentes intrinsecamente ligados ao desenvolvimento. O consultor acredita que as escolas precisam voltar-se e para a preparação dos alunos como empreendedores e qualificá-los de acordo com as necessidades locais. “Não adianta proporcionar educação técnica se não estiver inserida na realidade da cidade”, adverte.

Às prefeituras, cabe a criação de uma legislação favorável à geração de emprego, além da criação e fortalecimento das secretarias de desenvolvimento. “As secretarias devem ser mais agressivas, com poder de negociação e decisão, além de uma legislação mais flexível”, exorta. Os empresários, por sua vez, devem investir, principalmente, em criatividade e planejamento.


Apreensão do comércio
Ex-diretor da Carol (Cooperativa dos Agricultores da Região de Orlândia), o engenheiro e empresário Carlos Theodoro Marques afirma que a região, notadamente Morro Agudo, precisa reduzir sua dependência da cana-de-açúcar. “Já mudou muito, mas o comerciante ainda fica apreensivo com a aproximação do final da safra”. “Nossa vocação é agrícola, mas essa dependência deve ser reduzida a partir da diversificação”, disse.

Outro entrave ao desenvolvimento econômico é a falta de tradição associativista ao município. “As instituições têm o peso de suas lideranças, o que é insuficiente para a mudança necessária. Cada um precisa dedicar seu tempo e seu conhecimento para superarmos os desafios”. A falta de liderança, afirmou, foi responsável pela transferência, anos atrás, da fabricante de máquinas agrícolas Penha para Ribeirão Preto.

A criação de novos negócios também foi apontada como fator importante para a economia local, mas a falta de apoio institucional leva muitos a desaparecerem tão rapidamente quanto surgem. “Aponta-se a falta de mão-de-obra qualificada, mas chegamos a um círculo vicioso: não há qualificação por não haver emprego, e não há emprego por que não temos mão-de-obra qualificada”, disse. Marques acredita, porém, que somente o incremento de programas educacionais poderá contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

Investir em talentos
Consultor de empreendedorismo, o palestrante Dorival Polimeno Sobrinho, diretoor da
2N1V – Inteligência e Comunicação, acredita que os empresários têm papel fundamental na qualificação da mão-de-obra. “È muito melhor a empresa investir no seu colaborador e desenvolver os talentos internos”, disse.

“É preciso definir um investimento necessário para sustentabilidade das empresas locais, bem como para atração e retenção de talentos”, explica. Fatores que reduzem a competitividade do Brasil, como a mão-de-obra desqualificada e o pequeno número de empreendedores formados, precisam ser reavaliados. “A mudança no comportamento do consumidor provocou uma mudança também na produção. Agora, devemos modernizar a mão-de-obra com educação empreendedora”, disse.

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